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Quero ser freelancer: como saber se estou preparado?

Trabalhar como freelancer pode parecer, à primeira vista, uma opção bastante aliciante. A maioria das pessoas que me falam em mudar de uma atividade profissional por conta de outrem para passarem a ser trabalhadores independentes apontam como principais vantagens poder trabalhar a partir de casa, ter muito mais tempo para si e para os seus, trabalhar a partir de locais diferentes, e poderem escolher com quem trabalhar.


Todos estes benefícios são reais, mas dificilmente alcançáveis numa fase inicial do negócio. Primeiramente é necessário investir tempo e competências, para criar uma carteira de clientes. Além disso, há sempre o risco de não conseguir ter trabalho todos os meses, dependendo da atividade, comprometendo o rendimento mensal.



O que significa ser freelancer?


Um freelancer é um trabalhador que trabalha por conta própria que está registado nas finanças como trabalhador independente. O seu rendimento provém da prestação de serviços que faz para um ou mais clientes, ou da venda de produtos. Existem trabalhadores independentes que declaram as suas transações através de recibos verdes, enquanto outros passam faturas para os bens que comercializam.


O trabalhador independente tem um rendimento variável, em função daquilo que fatura com a sua atividade profissional. Pode ter um ou mais clientes e não está obrigado a obedecer a uma hierarquia, a um horário estipulado ou a regulamentos internos das empresas para quem presta serviços.


Por não existir um vínculo, a maioria dos trabalhadores freelancer trabalham ao projeto. Decorrente da satisfação com a prestação se serviços, uma colaboração esporádica pode dar lugar à celebração de um contrato temporário ou contrato de avença mensal.



Trabalhadores por conta própria: o panorama português


Segundo um estudo publicado pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), em janeiro de 2018, "no 2º trimestre de 2017, o número de trabalhadores por conta própria em Portugal era de 806,2 mil, o que corresponde a 16,9% da população empregada total". Desses, 27,5% exerciam a sua atividade profissional com colaboradores a seu cargo, e 72,5% eram totalmente independentes, o que poderá indicar que se tratam de freelancers.


Mais de metade referiram ter tido 10 ou mais clientes, não existindo uma colaboração que fosse propriamente dominante, o que significa que nenhum desses clientes assegura pelo menos 75% do rendimento total.


Quase dois terços dos trabalhadores referiram estar a seu cargo a decisão do horário de trabalho e quase um terço mencionou como principais dificuldades no início da sua atividade os períodos de tempo sem trabalho, a existência de clientes em incumprimento ou clientes que pagam muito tarde.



A mudança: os principais receios dos trabalhadores


Trabalhar por conta própria significa que não há uma entidade patronal a quem reclamar. A partir do momento em que uma pessoa decide passar a ser freelancer, a responsabilidade do seu rendimento mensal passa a recair sobre os seus ombros. Gerar receitas que lhe permitam suportar os custos da sua atividade, pagar os impostos e ter um rendimento líquido variável pode ser bastante assustador.


Segundo o mesmo estudo, para os trabalhadores no geral, as principais razões para não alterarem a sua situação profissional foram a insegurança financeira, a dificuldade em obter financiamento para o negócio, excesso de stress, responsabilidades ou risco elevado e menos garantias de proteção social.



Trabalhador independente: as principais dificuldades


Antes de ponderar passar de uma atividade por conta de outrem para trabalhador independente, recomendamos uma análise detalhada à atividade que pretende desenvolver e um conhecimento aprofundado das obrigações e responsabilidades inerentes ao exercício da profissão.


Conhecer bem o sistema financeiro português é indispensável, para saber os encargos mensais e trimestrais que vai ter de suportar, para não ter surpresas desagradáveis no futuro. Ter uma boa gestão económica é, também, essencial. A possibilidade de existirem períodos de tempo sem rendimento ou com um rendimento de valor mais reduzido, obriga a uma gestão ainda mais responsável.


Se restringirmos a análise dos dados ao universo dos trabalhadores por conta própria, em 2017, as principais dificuldades sentidas no início da atividade por conta própria eram, justamente, o período de tempo sem trabalho, os clientes que revelam resistência em efetuar o pagamento da prestação de serviços e a carga administrativa excessiva.


Lembre-se que ao iniciar a sua atividade como trabalhador independente, é a si que cabem todas as funções dos diversos departamentos que constituem uma empresa, trabalho esse que é ainda mais significativo, se trabalhar de forma completamente autónoma.




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