Outono: tempo de soltar, agradecer e preparar o novo
- Filomena Silva
- 22 de set.
- 4 min de leitura
O outono chega sempre de forma quase silenciosa. Num instante, o ar torna-se mais fresco, a luz ganha um tom dourado e as árvores começam a despir-se, preparando-se para um novo ciclo. É uma estação de contrastes: ao mesmo tempo que a natureza abranda, convida-nos também a abrandar. É como se tudo à nossa volta nos lembrasse que há um tempo certo para crescer, florescer… e desapegar.
Tal como as folhas caem das árvores sem resistência, somos chamadas a soltar aquilo que já cumpriu o seu papel na nossa vida. Há algo de libertador nesse gesto invisível: deixar ir, para abrir espaço ao que está por vir. O outono lembra-nos que nada se perde, apenas se transforma, criando condições para que novas sementes possam germinar no inverno.

O ritmo da natureza como espelho
Sempre me fascinou como a natureza, sem pressa e sem dúvida, sabe exatamente o que fazer. As árvores não discutem com o vento sobre o momento certo de deixar cair as folhas. Elas simplesmente confiam. E nós, tantas vezes, resistimos a esse movimento natural de desapego.
Quantas vezes mantemos tarefas, relações ou hábitos apenas porque nos habituámos à sua presença, mesmo sabendo que já não acrescentam valor ao nosso caminho? O outono traz este convite: olhar para dentro e perguntar-nos com honestidade: “o que é que já cumpriu o seu ciclo na minha vida e pode ser libertado?”
Entre o fim e o começo
O início do outono marca também uma espécie de fronteira invisível. Já percorremos três quartos do ano. O que sonhámos em janeiro talvez já tenha acontecido, talvez esteja a meio caminho, ou talvez tenha mudado de forma. Por isso, esta estação pede-te uma pausa para avaliar:
O que foi conquistado até aqui?
O que ainda precisa da tua atenção antes de o ano terminar?
O que podes libertar agora para entrar mais leve em 2026?
Não se trata de desistir, mas sim de escolher com consciência. Assim como a natureza não deixa todas as folhas caírem de uma só vez, nós também não precisamos largar tudo de repente. Podemos fazê-lo com calma, etapa a etapa, respeitando o nosso ritmo.

Um convite à introspeção
Há algo de profundamente íntimo no outono. As ruas ficam mais silenciosas, as tardes mais curtas, e a luz parece empurrar-nos para dentro de casa e para dentro de nós. É uma estação que pede chá quente, cadernos em branco e perguntas que abrem espaço à clareza.
A introspeção não é um luxo; é uma necessidade. É no silêncio que conseguimos ouvir o que realmente importa. E, tal como acontece com as árvores, também nós precisamos desse tempo de recolhimento para reorganizar forças, perspetivar novos projetos e preparar terreno fértil para o futuro.
O desapego como caminho de leveza
Soltar o que já não serve não é fácil. Muitas vezes associa-se à perda e ao luto, mas o outono ensina-nos que o desapego é, na verdade, um ato de confiança. Quando deixamos sair da nossa vida o que já não serve, não ficamos mais pobres. Ficamos mais leves.
Quantas vezes te sentiste sobrecarregada porque acumulaste tarefas que não precisavam de ser feitas por ti? Quantas vezes mantiveste numa ideia antiga de sucesso, mesmo que já não tivesse nada a ver com a pessoa que és hoje? Ou um padrão de pensamento e comportamento que neste agora já não faz mais sentido? O outono convida-te a libertar-te dessas folhas secas.
E sabes o que acontece depois? Abre-se um novo espaço. E nesse espaço, podes plantar novas sementes.

Presença e gratidão
Este é também o tempo de agradecer. Agradecer o caminho já percorrido, as conquistas alcançadas, as aprendizagens trazidas pelos desafios. Cada estação tem o seu propósito, e o outono recorda-nos de valorizar o que já foi vivido.
Estar presente significa apreciar o momento. As manhãs frias, o cheiro a terra molhada, o silêncio que chega mais cedo ao final do dia. Pequenos detalhes que, se não estivermos atentas, passam despercebidos perante o ruído da rotina diária.
A gratidão não é só uma prática espiritual; é uma estratégia de alinhamento. Ela muda a forma como olhamos para a nossa vida e para o nosso negócio. Uma empreendedora grata comunica com mais autenticidade, conecta-se de forma mais genuína e cria a partir de um lugar de abundância, não de escassez.
Perguntas para este outono
Se quiseres fazer deste início de estação um ritual, convido-te a refletir sobre estas questões:
Que folhas secas preciso de deixar cair na minha vida pessoal e profissional?
Que sementes quero plantar neste outono para que floresçam no próximo ano?
De que forma posso respeitar mais o meu próprio ritmo?
O que já posso agradecer agora, mesmo antes de ver resultados?
Escreve as respostas num caderno. Lê-as em voz alta. Depois, deixa que elas te guiem nos próximos meses.

Abraçar o ciclo
O outono não chega para nos dizer que algo acabou. Ele chega para nos lembrar que tudo faz parte de um ciclo maior, de um todo. Que é no recolhimento que nasce a força para florescer outra vez. Que o silêncio é fértil, e que o aparente fim é apenas uma preparação para o próximo começo.
Este é o momento de abrandar, de respirar fundo, de alinhar intenções e de criar espaço para o novo. Pode ser um objetivo pessoal inovador. O colocar em prática a criação de um projeto de negócio online há muito negligenciado. O outono é um convite à confiança: confia que, tal como a natureza, também tu sabes o momento certo de desapegar e o momento certo de florescer.
E tu? O que vais escolher deixar cair neste outono? E que sementes queres plantar para que 2026 chegue com leveza, clareza, abundância e energia renovada?
Comentários