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Entre o que mostramos e o que sentimos: tens coragem de seres tu mesma?

Há algo em nós que se habituou a “saber estar”. Saber como agir, como responder, como parecer aos olhos dos outros. Vamos ajustando o tom da voz, as palavras, os gestos… como se cada momento fosse um teste invisível onde só passaríamos se fôssemos a “versão certa” de nós mesmas. A versão que não incomoda. A versão que inspira. A versão forte. A versão que não falha.

 

Só que há um problema: a versão certa raramente é a versão verdadeira.

 

E é por isso que, mesmo quando tudo parece alinhado por fora, tantas mulheres sentem um desalinhamento interno difícil de explicar. Como se vivessem uma vida ligeiramente afastada de si próprias: perto o suficiente para parecer autêntica, longe o suficiente para não ser totalmente verdadeira.

 

Novembro chega com uma energia que não permite continuar nesse “faz de conta”.

 

A energia de novembro não é de perfeição.

É de presença.

Vida.

Verdade.

De coragem de seres tu mesma.

 

Não para o mundo, mas para ti.

 

Quando uma verdade vira tendência, corre risco de se transformar numa performance, ainda escolhemos palavras, que nos façam parecer conscientes, evoluídas, alinhadas

 

A verdade desconfortável sobre a autenticidade

 

Falamos muito sobre autenticidade. Mas sejamos honestas: a autenticidade tornou-se uma tendência. E quando a autenticidade vira tendência, corre risco de se transformar numa performance. Dizemos que somos autênticas… mas ainda escolhemos palavras que nos façam parecer conscientes, evoluídas, alinhadas.

 

E, muitas vezes, não dizemos o que realmente sentimos, dizemos o que “fica bem” sentir, o que “fica bem dizer”.

 

A questão não é se estás a ser verdadeira com os outros.

 

A pergunta é: estás a ser verdadeira contigo?

 

Autenticidade não é uma moda espiritual, uma legenda bonita ou uma narrativa inspiradora que crias sobre ti. Autenticidade é coragem emocional. É olhar para o que está desalinhado dentro de ti, sem fugir desse confronto interno.

 

Novembro pede menos palco e mais verdade interior

 

Este mês traz um convite claro:

Basta de te distraíres com o supérfluo.

Basta de te ocupares com tarefas para evitar sentir.

Basta de te convenceres que “está tudo bem” quando o teu corpo te grita o contrário.

 

Novembro não quer expansão a qualquer custo.

Quer profundidade.

Quer mergulho.

Quer a verdade, nua e crua.

 

Antes de renascer, é preciso despedires-te das versões de ti que já não fazem mais sentido.

 

Dizer adeus às expectativas antigas, às narrativas que contaste para sobreviver, às personagens que vestiste para encaixar em circunstâncias onde julgavas querer pertencer.

 

Só renasce quem aceita despir-se de si e se permite vulnerabilizar.

 

Há traições internas que normalizamos, chamamos a isto maturidade, empatia, fazer um esforço manter um bom clima, muitas vezes é apenas um abandono de ti própria

  

Onde é que provavelmente te estás a trair a ti própria sem perceber?

 

Há pequenas traições internas que normalizamos:

 

  • Dizes “sim” quando o teu corpo quer dizer “não”.

  • Sorris quando algo te magoa e aceitas o que já não cabe em ti.

  • Continuas a adotar a mesma estratégia num projeto que te esgota porque “já investiste demasiado”.

  • Tens conversas superficiais quando o teu coração te pede mais presença e sentido. Mais profundidade.

  • Escondes a tua energia e quem és para não assustar quem ainda não se encontrou.

 

Chamamos a isto maturidade, empatia, fazer um esforço manter um bom clima… Mas muitas vezes é apenas um abandono de ti própria, mascarado de boa intenção.

 

E dói.

Não de uma vez.

Mas lentamente.

 

Novembro vem lembrar-te:

A tua energia não é um recurso inesgotável.

Mas a tua verdade é.

 

Só que tens de ir resgatá-la.

 

Antes de seres verdadeira com o mundo, precisas de ser verdadeira contigo, porque a autenticidade não se encontra, recupera-se

 

A coragem de dizer a verdade de ti própria a ti mesma

 

Antes de seres verdadeira com o mundo, precisas de ser verdadeira contigo.

 

E isso implica fazer perguntas desconfortáveis, daquelas que provocam desconforto:

 

  1. O que é que estou a fingir que não vejo e que, no fundo, me magoa?

  2. Em que situações me estou a manter numa posição inferior para não deixar alguém desconfortável?

  3. Que partes minhas é que eu sacrifico para ser aceite ou para parecer bem?

  4. Quem estou a ser que não é realmente quem eu sou?

 

Estas perguntas não são para te julgares. São para te libertares.

 

Porque a autenticidade não se encontra, recupera-se.

 

E é no reencontro contigo que o que está dentro se revela aos poucos no que é representado lá fora. E, acredita em mim, é assim que materializas o que está alinhado contigo.

 

O corpo sabe antes da mente admitir

 

Este mês, ouve o teu corpo. Ele sinaliza o que sentes primeiro. Sempre.

 

Repara no que ele te diz quando pensas naquele projeto, respondes a uma mensagem, aceitas aquele convite, e te aproximas de determinadas pessoas.

 

O corpo fala com sensações.

A alma responde com verdade.

A mente tenta justificar e corrigir o que não é familiar.

 

A pergunta é: a quem vais a dar a palavra final?

 

Este não é um mês para brilhar para fora. É um mês para acender a tua luz interna, por dentro. Para te reencontrares no silêncio. Para te escutares sem ruído. Para deixares cair o que pesa, mesmo que isso seja doloroso.

 

É o espaço entre o que foste e o que ainda não sabes que vais ser, e sim, pode ser desconfortável mas é nesse desconforto que a verdade respira

 

Novembro não é expansão. É alquimia interna.

 

É o espaço entre o que foste e o que ainda não sabes que vais ser. E sim, pode ser desconfortável. Mas é nesse desconforto que a verdade respira. Primeiro mergulhas em ti, depois renasces. Nunca ao contrário.

 

Pergunta-te:

 

“Se eu for brutalmente honesta comigo… o que é que eu mais preciso agora?”

 

  • Presença ou validação?

  • Verdade ou performance?

  • Coragem ou controlo?

 

A resposta pode não ser elegante. Mas será real. E é isso que te vai fazer crescer de dentro para fora.

 

Se pudesses escolher uma intenção para este mês… qual seria?

 

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